sábado, 27 de fevereiro de 2010

Orações

Eu peço tempo pro tempo passar
Peço histórias pro coração acalmar
Eu peço lágrimas pra ferida fechar
Peço bebidas pra não mais lembrar

Peço poemas pra alma subir
Peço dilemas pra se discutir
Peço problemas pras partes unir
Peço um motivo pra querer sair

Eu peço filmes pra me fascinar
Peço músicas pra poder falar
Eu peço sono pra poder sonhar
E peço amor pra poder chorar

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Queimadura de Pequeno Grau

Não posso nem fazer, mais, poema.
pois, logo crio mais problema.

Era noite de terça, plena,
já não moro em Ipanema,
fui assar uma coxinha pequena,

e minha mente, em dilema,
deixou-se levar por uma idéia serena.


Foi então que, minha Coxinha de Siriema
ficou mais preta que a Nega Jurema.

Intento Atento ao Tempo Labiado

és tudo, sim!
és má, mas, maravilhosa,
e inda tens os lábios rosa.
és linda quando, de mim, goza.
só não me deixa, também, gozar.

faço-te, então, uma simples proposta:

larga toda essa bosta, e vem pr'o mundo,
serás minha dama, e eu teu eterno-vagabundo.
e, que venha oque virá!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

(Ca)lendário

As nuvens pararam
Sem aviso e sem porquê
Ele não sabia mais
O que pagar pra ver

E os arrepios não cessavam
Tudo passando pelas suas mãos
Um ano, um mês, uma canção
Passando pelas suas mãos

Segurava o tempo
Como se não lhe restasse nenhum
De mil anos fez uma vida
Em uma vida foi só um

Melhor seria ter sido milhares
Ambíguos, em pares
Díspares, singulares

Melhor seria
Mas não foi

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pedra e Sabão

Céu fechado, por florestas de tesouro.
Céu aberto, pelo pasto carne e couro.
Seu zoombido de um verde de bezouro.
Um sorrizo amarelo, amarelo como ouro.


Como se do céu descesse escada,
com luzes vindo do nada.

Como se no inferno houvesse escravidão,
com fogo brotando do chão.

E no purgatório pedra e sabão,

para fazer arte,
para doar o coração,

se entregar de carne e alma,
para ter, em casa, pão.


A incerteza de se há certo ou errado.

A água misturada no branco do chão,
no leite derramado.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pena de Corvo

Eu falo
Você não me escuta

O dia em que fomos só nós
Fomos belos, fomos sós
Fomos tudo, pré e pós

Eu falo
Você não me escuta

Sem que nada venha atrapalhar
Andamos pelo nosso caminho
Sentimos o nosso destino chegar

Eu grito
Você não me escuta

Esses olhos que já foram precisos
Olham pro nada com um brilho
E um imenso vazio interno

Eu choro
Você não me escuta

No que fecham sua última morada
Que trocastes pelo nosso convívio
Descanse em paz