A faca ainda pingava sangue.
Com um rodo, um esfregão e lágrimas,
Limpava tudo, ou escondia no ralo.
Num peito, que pulsava um coração,
Um buraco e nada mais.
No outro, jorrava um leite aquoso, ralo.
Ligou o chuveiro. Mas, a água não o tocava.
Água não lava alma.
Olhou no espelho. Mas, não via sua cara.
Espelho serve para refletir.
Ficou ali parado, totalmente atordoado,
Pensou em olhar para o lado,
Mas, permaneceu paralisado.
Visualizou toda a cena:
Acenou no elevador, perguntou da família
E como é que andava a gestação.
Arrombou a porta - ouvira gritos de virilha
Que lhe chamaram a atenção.
Um vulto fugia pela janela do varal.
Ela, no chão da sala, torta e, nos fartos seios, um punhal.
Ela, no chão, na vala, morta e nós, fortes, sangrentos, no cordão umbilical.
Levantou-se, zonzo, do boxe e se recompôs.
Mas, nunca se levantou da lona.
Levou a vida, sonso, feijão e arroz,
e nunca levou nada à tona.
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