_Bom dia.
_Bom seria se fosse algo que não fosse noite ou dia.
_O que te aflige?
_É o cru dessa cidade que, não vive, apenas finge.
_Talvez você não a conheça direito.
_Talvez a culpa seja do prefeito.
_Que nada, Companheiro, o buraco é mais embaixo.
Deixa-me te mostrar o que é que eu acho.
...
_ Veja só, eis, então, a grande cidade.
_Daqui de cima não aparenta a pouca idade.
_Mas, acredite, é verdade. É ela, com todo horror e iniqüidade.
... _ Lá estão os urubus. O que será que estão fazendo?
_Devem estar aqui pelo cheiro.
_Eu diria que: não! Daqui do céu não ouvem o Samba-Canção.
Quem são aqueles, felizes, ali no chão?
_Aqueles ali?! ... Aqueles são meus amigos !
Ouça o que cantam:
_Somos a turma que mais... !
_Você fuma?
_Nunca o fiz... Mas, por quê não?!
_Ai você falei ! ... Vai descobrir o doce, que é a vida, assim como eu o achei.
...
_Verdade, me sinto mais leve. De agora em diante, que o vento me leve.
_Mas, tome cuidado para não se exceder.
_Que diferença, se um dia hei de morrer? ... Logo, amanha, estou partindo. Vou voltar no tempo perdido.
_Tens alguma máquina para tal proeza? Se tens, me leve para onde há natureza !
_Se eu bem tivesse, levaria. E voltaria, bem mais que um dia. Um século... um mês ... três vidas, ou mais. Voltaria a ser um feto. Deixaria de ser um inseto e...
_Quanta insensatez... Se tal máquina não possui, pare de sonhar. Só te resta a morte... a sorte !
...
_Talvez, se tivermos sorte, A Máquina seja a morte.