terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Abafo

Como nos fundos mais fundos
É naquele que encontro meu repouso
Cheio de brilhos, simples mundos
Desinteresse tão profundo

É como se nada desse mundo
Pudesse tocar sua alma
Pudesse abalar sua calma
Pudesse te fazer chorar

E sei que também choras
Mas por trás das lentes escuras
Dos reflexos de Sol
Onde ninguém te veja, e você seja
Somente sua, alma individual

Falo com as nuvens
Pois não adianta falar com teus ouvidos
Que parecem estar sintonizados
Em qualquer rádio de um planeta distante
Onde existe um lugar só pra você

E é o que escrevo pelas paredes
É o que grito pelas passagens
É o que escuta nos ruídos
É o que vejo nas imagens

Felicidade estabanada
Ambígua, desesperada

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sal dá de...

Oh! sal dá de você.

Sal dá, de mar a mar.

Se a "solda" não o derreter,

o Sol derreterá.



Oh! saudade. Você,

Sol, dá de cá pra cá.

Se és só, há de doer,

se és sã há de amar.


Há sais onde há mar.

Vá, sai, pr'onde há ar.

Há sóis nó beijo, seu.

A sós, só sei amar.



Areia, terra e sal.

Só há rei na Terra do Sol.

"A", letra vogal.

"S", Rei do Plural.



Cavam,

As pás.

Idem,

Aspas.



Amar dá saudade.

Sal dá, de mar a mar.

O Sol na Lua se esconde.

Há noite, se há mar...


À noite se amar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Aorta

Veja que...

a inveja vai bater na sua porta,
pela sua beleza morta,
por sua reta-vida torta,
quando chover na sua horta..

Sem cereja na minha torta
ou a faca que corta,
e faz sangrar a minha Aorta,
quando viva ou quando morta.

É a vida de um mortal,
queira bem ou queira mal,
por a roupa no varal
para seca-la, o vendaval

e esperar pelo presente futuro
roendo a vida...
osso duro.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Good Man, Benny!

Me encontro no vazio
Nas pausas, nos silêncios
Sinto o frio dos que sentem
Subir na pele o calor

Procuro respostas
Encontro umas bostas
Que uns chamam de conselhos
Outros de pura bobagem
Tagarelagem e babaquice

Vivo andando em silêncio
Tagarelando com os pássaros
Embriagado de idéias
Que insistem em ficar trancadas
Reclusas em minha caixa craniana

E em minha outra caixa
Toraxicamente gritam diferentes
Gentes pequenas internas
Impacientes

Pff...
Sentimentos...
Quem liga?!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Hora do Tempo

Chega de falar de tempo!?

Eu juro que tento,
Mas sempre me atento
Ou simplesmente há
Num pensamento
tempo e vento.

Vento, não vendaval.
Tempo, não o jornal.

Mais claro que a luz.
Não te ilumina...
Não tira o capuz
Nem na piscina.

Afoga-se nas idéias.
Afaga-me com ideais.

Se falha na folha,
Se fala em folia.
Se saca a rolha
Se segue o dia,

a semana, o mês.


Lamenta da vida,
E de
Tudo que já fez
Parado, assentado,
Em sua insensatez.

Mas,

Espere os centavos,
Terá sua vez.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mentirosamente

Sinceramente
Sutilmente
Delicadamente
Suavemente
Atenciosamente
Verdadeiramente
Loucamente
Simplesmente
Levianamente
Descuidadamente
Agressivamente

Porquemente?!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Spleen

Sinto muito...

...Mal
Um tanto quanto banal

Medo ou receio
Semântico anseio

Romântico remorso
Invariável, inabalável
Só.

Um vazio criativo
Nada mais de ativo
Sintonia equivocada

Chega! Não falo mais nada.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Reticências

Tão inesperado quanto começou
Acaba

Me jogo de corpo inteiro
No último suspiro da minha juventude
Até parece que sou o primeiro
A enfrentar a inquietude

Dessa a vida apenas se leva
Alguns momentos guardados no bolso
Dessa vida apenas se leva
O amor

E deixa correr essas lágrimas
Pra que lavem bem
E cuidem de não deixar
Nem uma mancha de remorso ou azar
Nem um rancor ou mal-entendido
Nada que possa ser perdido

Deixa que corram agora
Pra que depois
Anos após
Não sobrem mais lágrimas de saudade
Apenas o riso de euforia
De uma certeza de quem viveu
Uma vida bem vivida

terça-feira, 24 de novembro de 2009

.38

Vivemos sozinhos
Completamente abandonados
À deriva de tudo e de todos
Simplificados

Beijar o frio aço
Perder-se no espaço
Ver de longe toda a vida
Desatar mais um laço

Se de nós fez-se vida
De todos nós fez-se ilusão
Apenas a doce incerteza
Da beleza da solidão

Bandeira branca levantada
Logo no chão pisoteada
Tento escarrar a maldita boca
"Me beija, desgraçada" (rouca)

Somos o que fomos
Andando em círculos
Tolos fomos mais que somos
Seremos serenos
Tão... pequenos

Já não me resta saliva
E o esforço que faço
Mede quanto minha vida
Se perdeu no teu espaço
Infinito particular
Que espero encher
Com as bebidas que mais gostar

Beijar o aço
Perder-se no espaço
Me desfaço
Em mil pedaços

Despeço

Te peço

Sim.

Dia a Dia à Noite

De noite faz sol.
De dia faz lua.
De dia faz noite.
De sol faz-se a lua.

De sol faz-se a noite.
De lua, à dias.
À noite faz sol.
Faz lua, de dia.

Hoje, sol e lua.
Amanhã, lua e sol.
Ontem, houve lua.
Hoje, o ouve só

e

Cheio de oxigênio !
Cheiro o oxigênio.
Chaga de oxigênio !

Dia, noite e dia.
Ontem, hoje e ontem.
Haverá, há e havia.
Dia, noite e dia.

A Máquina

_Bom dia.
_Bom seria se fosse algo que não fosse noite ou dia.
_O que te aflige?
_É o cru dessa cidade que, não vive, apenas finge.
_Talvez você não a conheça direito.
_Talvez a culpa seja do prefeito.
_Que nada, Companheiro, o buraco é mais embaixo.
Deixa-me te mostrar o que é que eu acho.

...

_ Veja só, eis, então, a grande cidade.
_Daqui de cima não aparenta a pouca idade.
_Mas, acredite, é verdade. É ela, com todo horror e iniqüidade.
... _ Lá estão os urubus. O que será que estão fazendo?
_Devem estar aqui pelo cheiro.
_Eu diria que: não! Daqui do céu não ouvem o Samba-Canção.
Quem são aqueles, felizes, ali no chão?
_Aqueles ali?! ... Aqueles são meus amigos !
Ouça o que cantam:
_Somos a turma que mais... !
_Você fuma?
_Nunca o fiz... Mas, por quê não?!
_Ai você falei ! ... Vai descobrir o doce, que é a vida, assim como eu o achei.

...

_Verdade, me sinto mais leve. De agora em diante, que o vento me leve.
_Mas, tome cuidado para não se exceder.
_Que diferença, se um dia hei de morrer? ... Logo, amanha, estou partindo. Vou voltar no tempo perdido.
_Tens alguma máquina para tal proeza? Se tens, me leve para onde há natureza !
_Se eu bem tivesse, levaria. E voltaria, bem mais que um dia. Um século... um mês ... três vidas, ou mais. Voltaria a ser um feto. Deixaria de ser um inseto e...
_Quanta insensatez... Se tal máquina não possui, pare de sonhar. Só te resta a morte... a sorte !

...

_Talvez, se tivermos sorte, A Máquina seja a morte.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cão-çado

Poise.. é que...

Você anda meio amarga.
Mas, vive fazendo doce.
Você não é A minha amada,
mas, quisera eu que fosse.

O seu bem eu bem queria, bem.
Mas, nem posso ir além.
Além disso, como vai você?
poise, eu também.

Nem centopeia da tantas patadas
e nem uma pedra aguenta tanto.
Nas suas cores misturadas
eu só vejo preto e branco.

Vai ver, um dia eu ainda morro...
Vai ver sou mesmo um cachorro.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sinestesia Geral

- Te restam poucas horas de vida...
- Me dê um sinestésico doutor!

E de repente
Tudo pára!

Sinto bater em minha cara
O vento que vem de longe
E me conta ao pé do ouvido
Notícias de longe de lá

Me abraça todo o corpo
Como que pra me proteger
Olha em meus olhos
Nos seus um medo de dizer

- Fala Vento!
O que te trouxe aqui tão longe?
Certamente que não o meu desejo
O que te fez vir me ver?

O cheiro acre de podridão
Mil corpos em decomposição
Em meio deles, uma cor tão suave
De teu perfume, grande, imensa saudade

- Trago para ti todos os teus planos
Alguns divinos, outros humanos
E te faço apenas uma pergunta:
Por que os abandonaste?!

-Não foi esta a intenção!
Por favor, acredite!
Não havia o que eu pudesse fazer
Foram outros que os jogaram na prisão!

Vejo minhas mentiras
Rechaçarem em seus olhos
Quem sou eu para enganar
O Tempo e o Vento?

Escuto a cor dos seus cabelos
Se afastar para longe
Morro só, abandonado
Pelos meus sonhos, por não ter amado!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cem Dramas

E...
hoje, até a lua estava mais perto.
Na sua boca havia, eu via, meu deserto.

a fumaça do insenso...
eu quase sem senso... meu sensor
Censurado !

E nem sem roupa estou,
nem um olhar se comeu.

...não me mordia,
minha mente ardia.

Seu paradoxo é meu paradigma.

Mesmo sem você, ainda sou eu.
só, eu, nescessito de um trago seu.
Somente eu sou só nós.

Talvez seja muito para o seu faro.
Talvez meu pouco custe caro.

Mas,

S ou eu,
O solene e sonolento.
S ou eu,

seu sono lento.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Goiabada

Nasceu, cresceu, morreu
Cumpriu todos os seus deveres
Não procriou, coisa de pouco importância
Pra que tanto narcisismo?

Viveu...

Dias bons e dias ruins
Chuvas intensas e um pleno Sol
Brincadeiras, jogos e afins
Momentos de orgulho, momentos de dó

Sentiu crescer dentro de si
Algo estranho, tão diferente
Algo que batia forte
Ao ver aquele pedaço de gente

Guardava palavras e sentimentos
Até que as voltas do mundo
Lhe trouxeram uma surpresa

Olhares tímidos em pedaços de ar
Passos tortos à caminho do céu
Foi um banho gelado de mar

Indiferença salgada
A traição tecida com fios de nuvem
Crueldade nos detalhes do falar

Ao primeiro que deixou que entrasse
Dirigia agora apenas seu ódio e rancor
Maldita alma que de amor gritou
Bendito ferro que o grito calou

O beijo frio
O mais doce da sua vida
Chupava todo o calor
De seu corpo pela nova ferida

Finalmente conseguiu
Pôr cor àquela vida cinza
Vermelho tingia o amor
Negado por todos, querida

Nasceu, cresceu, morreu
Cumpriu todos os seus deveres
Se levantou devagar, estava vida
Foi apenas um sonho, tudo continuava cinza

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Joelhos

Até quando seguirá esse embate?
Essa contenda sem fim,
Esse grande combate?
Cujas armas são silêncio e solidão
Brutalmente usados, como armas de um vilão

E serão duas cabeças a se bater
Duas cabeças que pensavam juntas
Esvaziando pensamentos
Em linhas jogadas a esmo
Flutuando sobre memórias

Até mesmo sob o céu laranja
Da sucursal do inferno
Era capaz de deixar tudo pra trás
E nem mesmo pelo espelho ousava olhar
Todas as coisas que guardei de ti

E as palavras, por mais belas
Mais trabalhadas ou sinceras
Nunca a chegarão aos teus ouvidos
Nem tímidas nem austeras
Até quando vai durar nosso silêncio?

Espero pra ver
Orgulho intacto
Coração partido

Zen

São espaços vazios
Um rio cheio de certezas passageiras
Sem uma pedra, um porto, um cais
Sem o que dizer pra explicar o que faz

Devorando de dentro pra fora
Levanto os pés inexistentes
Vou-me embora

Terra de mil maravilhas
E bocas, nenhuma
Sem palavras para perturbar a paz
Sem beijos para querer mais

Matar o amor
Torturar a saudade
E o vazio prevalece
Nirvana


Vazio.


Um tanto quanto tedioso
Foi meu delírio de grandeza
Estou melhor pequeno
E cheio de certezas

Cheio de sentimentos
Fúteis e mesquinhos
Ao menos estou vivo

Liberdade

Como passam, rápidas, as pessoas pela praça...
Passam, rápidas, enquanto a núvem passa.
Pássaros também passam pela praça.
Passos lentos dou de pirraça.

Se essa praça, se essa pressa,
fosse minha...
eu me mandava, me mandava de lá.
Eu iria de viajem para a lua,
onde o tempo, tempo, passa devagar.

domingo, 1 de novembro de 2009

Sim...

Simplesmente
Nada mais se sente
Pulsar na gente

Entretanto
Tudo que se faz
Vira pranto,

Bolha de sabão
Em máquina de lavar
Olhos de Cristal
Sonhos pra sonhar

Notas pra se ler
Cores pra cheirar
Simplesmente só
Sozinho se amar

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cézanne

Planaltos chapados
Rios embebedados
Óleos de fumaça
Nuvens de sabão

Teriam eles...
...coração?

Moeda

Muita calma nessa hora
Tudo está por um fio
De um lado minha alma chora
Do outro lado, apenas sorrio

Letras são só letras
Palavras só palavras
O que realmente importa
É a vida que passa

Como um filme
Aos meus olhos
O que importa
Somos nós

Ecocardiograma

Pulsa
Expulsa

Por mais que eu peça

Pulsa
Expulsa

Por mais que eu suplique

Pulsa
Expulsa

Não adianta

Pulsa
Expulsa

Nenhuma das medidas

Pulsa
Expulsa

Por mais loucas ou pensadas

Pulsa
Expulsa

Vai adiantar

Pulsa
Expulsa

Ele não me ouve

Pulsa
Expulsa

E ele talvez te deixe

Pulsa
Expulsa

Para sempre

Pulsa
Expulsa

Dentro dele

Pulsa
Expulsa

Cansei de pedir

.......................................................

Estrânsito

Eles buzinam
Buzinam sem parar
E o verde, imponente,
Se levanta à minha frente

Por que então estou parado?

Eles gritam
Ameaçam sem pensar
E os meus pés não se mexem
Não saio do lugar

Por que estou tão parado?

Chumbo
Chumbo grosso
Imóvel ali
No chão
Sem dono nem mão
Sem salário
Sem patrão

Eles buzinam
Buzinam sem parar
Não adianta
Não vou sair do meu lugar

Até que seja hora.

Sou Lá

Se fez de som esses tijolos
E de concreto fez-se mar
E pra fugir da tua lembrança
Os meus castelos fiz no ar

Eu só queria não lembrar

Eu fui cuidar dos meus jardins
Flores de nuvens pelo céu
Entre passadas, luz do Sol
Entre olhares, voz de mel

De todas as paredes
Cal cuspida
Sal sem pão
Tijolo por tijolo
Meu castelo foi pro chão

Em ti levanto minhas mãos
Dor silenciosa
Lá do alto, lá do alto
Bem longe dos meus dedos
Vão passando suas flores
Rindo do meu desejo

E o que eu posso ser?
Sei lá
Sou lá
Vem cá...

domingo, 25 de outubro de 2009

2001

Estrelas são cabeças
Queimando para sempre
Em seu infinito particular

As idéias que queimam
Deixam loucos os novos aventureiros
Que buscam conforto no espaço

Quem poderá dizer
O que era antes de ser queimado?
O que era antes
Agora e sempre?

Você me abraçaria
Se eu batesse em sua porta
Com a cabeça em chamas?

E queima...
...eternamente

Eu posso ver as estrelas
Tão perto
Tão perto
As estrelas estão caindo

O céu sobre a minha cabeça
Já não é o mesmo de antes
As nuvens correm rápidas
Em lugares tão distantes

As estrelas estão caindo
Aos meus pés no chão
Já não são mais as mesmas
Tão perto, tão perto

O azul cega meus olhos
Pintado de branco, me cega
Não posso olhar pra imensidão
O infinito me assusta

Quem sabe um dia
Quando todas as estrelas estiverem no chão
Poderemos andar pelo céu
Como deuses...
...esquecidos

Eu quero esquecer
Apagar da minha memória
Benditos erros
Me fazem querer

Eu posso ver as estrelas
Tão perto
Tão perto
As estrelas estão caindo

E doem ao bater na minha memória

Tenho medo do infinito
E quero esquecer
Deuses...
...esquecidos

É hora de andar.

Peixe Grande

Nem só de verdades
Se faz um mundo
Nem só de mentiras
Surge um vagabundo

Minha verdade mais escondida
Eu
Minha mentira mais elaborada
Você

sábado, 24 de outubro de 2009

Vó-cê

Vejo em vó-cê
algo que me falta.
Vejo uma nota ruím
ou uma pausa em minha pauta.
Na boca, um sorriso belo
Que parte pelo tabaco,
só um pouco amarelo.
Vejo, quem sabe, o meu futuro.
Só não vejo a flor da sua pele
Quando já está escuro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uni Verso

In Finito

Entre

Havia uma presença ali
Alguém nunca visto antes
Um desconhecido completo
Vi ali por instantes

Brutalmente arrancada de mim
Parte integral de todo meu ser
Dúvidas insaciáveis
Mas que posso fazer?

E aquela presença persistente
Não vai embora, insistente
E na virada de supetão
Me deparo com que olhos?

Meus
Vazios
Singelos

Que estranho!
Eu existo.

Moira

Sorrisos em pontas de dedos
Murros em pontas de facas
Lágrimas de fora pra dentro
Vão desaguar... no nada

Um abraço de pedra
Um olho de vidro
Sinceridade escancarada?
Mentira deslavada.

Um ator sem máscara
Uma atriz sem coração
E tudo que sobrou
Não dá nem uma canção

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bar Doce Lar

Corre, corre,
Anda,
que é tempo de voar.

Tampo,tempo
voa,
ando no mesmo lugar.

Porque é que eu devo ser, se nem o tempo é, certo?

Certamente, à um certo tempo,
tempo longe ou tempo perto,
deixei meu lar aberto,
meu lar de concreto,
me achando muito esperto
pus-me a, porta, fechar.

Caiu chuva,
já fez sol.
Me enruguei de tanto sal
e meu lar agora é bar.

...

Sentado na calçada,
de noite, não vejo a lua.

Não vejo os carros,
nem sinto o cheiro que exala da rua.

Não penso em nada.

Nada que não seja o corpo d'uma tal ruiva.

Os carros buzinam,
me assusto, me esqueço...

e fico com raiva.


Haja Paciência

Simpatia

Há nela uma bela expressão.
e o mais puro " simpatia ! "
já é quase meu bordão.

Quando atento ao frio,
sabe ser ainda mais.
Seus cabelos, fio a fio...

mais me importam que os jornais,
que as favelas e os demais.

O seu frio que me esquenta,
a face nem sempre atenta.
Espero até os setenta
se for preciso até mais.

Efeito Estufa

Só, eu corro enraiado.
Só voce faz raiar meu sol.
Enquanto eu sonho acordado,
esse mar salgado já cobre o farol.

Repassante Sonhatriz

No fim do fundo,
dá-se imunda,
suja, repugnante.

Repassante,
de boca-a-boca,
impregnante,
ficando louca.

Pouca roupa.
Rapa a poupa.

Poupa-me do mal,
da água e sal.

Deixo essa Sonhatriz
e piso...

Pé na terra !

Terra é verde-ardente.
Humano erra.

Humano era e é
gente-animal.

Era gentil.
É gentalha.

Mas, gente viva não se empalha

Umbigüidade

Vivo num mundo
que, eu sei, não é marte.
Mas, quero viver de arte...

Artefatos,
um explosivo
trago dentro do umbigo...

Ambigüidade na palavra
é o que arde.
Espalho essas por toda parte,
com todo ardor e iniqüidade.

Com um pouco de vaidade,
espalho amor, vejo a verdade,
que sempre será lisa.

18

e... amanhã serei maior,
maior que o mundo inteiro
e do tamanho que sempre fui.

tamanho único,

mas adaptável a qualquer corpo.

amanhã, só não hei de ser morto.

Inteligência Artificial

Pé ante pé
Ante pé
Ande pé
Anti-fé

Fé gera fé
Exagera até
É o que é
E não quer

Mão sobre mão
Contra a mão
Sem refrão
Só citação

Original copiado
Plagiado
Estagnado
Totalmente alienado

Arte de estandarte
Em toda parte
Vem de Marte
O novo tipo de enfarte

Gente mata gente
Povo crente
Católico judeu
Muçulmano inteligente

Nós.

Sempre Você

Quem sou eu?
Eu sou eu.
Mas nem sempre serei.
Mas sou.
Tenho certeza.

Posso mudar,e virar outro,
mas mesmo assim serei eu.
Quem sabe depois um novo outro eu.
Mas,
Eu, sempre eu.

Não importa o que aconteça,
mesmo que eu cresça, ou não cresça,
que eu engorde ou emagreça.

Eu sou meu,
não sou nem do mundo e nem de ninguém.
Sempre, que eu estiver comigo,
Comigo estarei bem.

Não adianta querer fazer com que eu não seja eu,
ou que eu não seja meu.
Serei eu e meu, mesmo no nada,
até mesmo no breu.

Mas no dia que deixar de ser meu,
será porque sou seu.
Sempre fui.
Sempre vou ser.
Sempre você.

Braços de Mar

Queria ter seus olhos,
Poder ter sua visão.
Queria ter vivido
Na sua imaginação.

Queria ter teus abraços.
Mas, se bem que... melhor não.
Prefiro você no sofá
A ter que ver televisão.

Queria ter Seis olhos,
Poder fazer previsão,
Ter um só ouvido
Quando fosse ouvir que "não".

Queria ter Três braços,
Sendo de aço ou não.
Pra poder te abraçar
E tocar meu violão.

Quem sabe com asas, ao invés
De bolhas, nós pés
Eu pudesse voar através...

Atravessar a cidade, a cidadela
Chegar pela sua janela:

Travesseiro, fronha e vela.

La vida

Pense no futuro,
Pois o presente agora
Já é passado.
Pois, já no passado,
Todos viviam em seu presente.

E quem é que entende?
Quem entende?

No futuro, lembraremos do nosso presente.
Do presente que vivemos
E do presente que vamos viver.

Assim como hoje penso no passado, ontem.

No passado passageiro,
Passado que, hoje é presente,
Agora não é mais.

Quem entende? Quem entende?

Lá há vida?

Siga, vá em frente,
Pare e pense:
O que te torna diferente?
Tanta gente não entende.
O que muda a sua mente,
Permanentemente?
Sem a lente, em meus olhos,
É que eu enxergo bem.

Ana Samgra

Aqui se gasta, ali se paga?
Já nem sei mais.
Há tanta grana.
Já perdi a noção de quantos gramas.
Foram tantos anagramas
Que minha cabeça samgra.

O que te ofusca e me sufoca
É você, viva, fingir morta,
É você, quente, fingir morna.

Morna... lisa,
Me paralisa
Do pé a mente.
Como o pó não se sente,
É indiferente.
Pois, os olhos vão se apagar.
E

O que será?

Se há, do lado de lá,
Ana, amanhã.
Se há pele e lã,
Para que se prender?
Se perder nessa vida vã.

Se ainda é de manhã...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

3D


Redondo é o mundo
Que:

Virado para um lado, ... Então, olho pra cima...
Para o outro, ... Um céu azul piscina,
Pra frente ou pra traz, ... Já nem sei se minha sina
Estarás sempre de frente, e, ... Para as suas costas. É de sonhar
de costas para si mesmo. ... Em estar
Se, viro ao Leste, vejo o futuro. ... Caminhando no caminho,
Se, à Oeste, o passado, puro. ... Ou que seja um labirinto que eu já sei onde vai dar.

Se, é Norte ou Sul,
O que muda é o tom de céu azul.

Dreprechão


É nele que eu deságuo
Faço, de gotas, rio e mar.
Grito, berro, suplico
Nada, a ele omito
Uso-o só pra disfarçar
A tristeza no meu rosto
O meu gosto a amargar.
Gasto gosto de garganta,
Ensopando minha manta,
Gosto de veia a pulsar.
É berrando meu berreiro
Que me faço caminhar.
Pétalas no chão
Minhas mãos num vão
Que não sei onde vai dar.

Solfá



Só a música faz,
Debaixo do Sol,
Eu Mi sentir melhor.
E diante do mundo, sem Dó
E sem andar de Ré,
Com a música, sei que,
Si ousar tocar,
Um dia chego Lá.
Passaria o dia,
Sentado em minha sala.
Ouvindo o som,
De um Solfá.

Rascunho Final

Gota, gota
Caia, gota
Faça alguma coisa
Garota

Chuva lava minha memória
Gotas de tinta
Manchas de glória
Leva embora, leva embora

Me deixa em branco
Folha nova
Formata tudo
Vem e me ensopa

Vento, vem
E leva embora
Água suja
Tinta morna

E deixa apenas
Espaço novo
De tudo um pouco
Na língua do povo

Tropeço e peço
Me vejo cego
Esforço não meço
Degola meu ego

Prima Vera



Ouvide: “Terra á Vista!”.

Visto todo arvoredo
E as selvagens tribos das índias,
Com suas baterias de barro.
A paz sensível à qualquer faro.
Foram logo cobrando caro
O que não havia ali.

Outras grandes Canoas chegaram
Trazendo muitos panos.
Trazendo muitos planos
Para o tal Pau-Brasil.

Guerreiros das Matas Fechadas
Tiveram suas vidas mudadas
Por um, qualquer, ser vil.

E dessa ferida, aqui encrostada,
Hoje ainda se vê o pus.

Vivendo a realidade severa.
Descanso na Prima Vera,
Prima Ilha de Vera Cruz.

Torres

Dó Mi Fá Lá Sol
Vai e volta
Pausa

O olho brilhando em
Gotas como o orvalho
Penduradas
Pensando em suicídio

Si Ré Fá sustenido
Forte! Fortíssimo!
Pianíssimo

O sapato continua lá
Parado, encarando
Acusando
"Vá embora!"

Dó maior com sétima maior
Sustenta, sustenta
Silêncio

A escova de dentes sumiu
Sarcástica, enigmática
Debochando do
Suicídio de gotas em massa

Silêncio, silêncio
Si diminuto
Silêncio

Escuro, frio,
Réstia de luz
Esquenta, esquenta,
Alegra

Fortíssimo!
Repouso em Dó maior

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Relógio de Sol

O amanhã é um dia banal
É o hoje brincando de esconde-esconde no quintal
Correndo pra longe
Fingindo ter uma surpresa, novidade
Alguma nova brincadeira

Ele corre e pula
Foge do nosso controle
Confunde nossa razão
Pois sempre sabemos de onde virá
Mas nunca sabemos o que esperar

Em seu sorriso matinal amarelo
Esperança pra uns
Mais um dia de espera pra outros

Estica suas preguiçosas horas
Invadindo nossa santa paciência
Pois o amanhã tem seu próprio tempo
Não compatível com o da ciência

Um dia vou pegar esse moleque pelo pé
Sentá-lo na minha frente
Vou conversar com ele até descobrir
Tudo que planejou pra mim

Mas quando chegar o novo sorriso amarelo
Que surpresa!

Maldito moleque mentiroso!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Caleidoscópio

Olho pelo retrovisor
E ao relaxar os olhos e perder o foco
Uma pedra voa e estilhaça o espelho
Minha vista se perde nesse caleidoscópio

Recheado, em cada uma de suas partes,
Com um tipo de realidade paralela
Baseada no que eu não sou
Pois não posso ser as escolhas que não tomei

Penso então se eu seria alguém melhor
Balanço a cabeça: "Que bobagem!"
A estrada passada só leva ao começo
E estamos todos afim de um belo final

Belo e triste

É o final.

Só e Somente Só

Um passo após o outro
Vão passando os grãos
Areia pura, sem o menor sinal de vida

Um olhar antes do outro
Achar em outro, você,
Completo no meio desse deserto

Contrações involuntárias
Calafrios

E sempre ali
Sua constante ausência me conforta
Porque sua falta me faz lembrar que você existe

Existe em mim
Existe em toda a minha volta
Um erro premeditado
Com a intenção de dar certo

A companhia de um vulto
De um fantasma
Esse frio me aquece

Que solidão aconchegante

amoC

"O mundo vai acabar"
Anuncia solenemente a abelha rainha
E as operárias continuam a trabalhar
De que lhes importa morrer
Se já não vivem mesmo?

"O mundo vai acabar"
Anunciam os líderes mundiais a seus povos
E em um canto qualquer,
Um garoto se desespera
Ao ver que as pessoas à sua volta
Continuam a trabalhar

Ele chora
Vendo que vai morrer sozinho
Pois como as operárias
Ninguém ali está vivo

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Heroína

Te ver assim
E não saber o que dizer pra te acalmar
Desde o começo pra mim
A maldição foi não saber o que falar
Pra uma alma tão rebelde que se esconde

Entre garrafas de bebidas
E roupas coloridas
Preto e branco são as cores
Com que pinta seus amores
Pra não ter como voltar

Deitada nessa rua
Rosto branco como a Lua
Me fez ver a solidão de ser sozinho

Com um milhão de amigos
Ninguém pra te ajudar
A não seguir os seus instintos
Ela pensa que é imortal
Mas quando descobrir que não

O que será de mim
Sem você pra me abraçar?
Pra me me dizer que tudo vai ficar melhor
Depois da chuva
Heroína da minha vida
Essa menina
Não sabe mais o que é sofrer

Caixinha de Música

Me confundo em você
Não sei onde termino
E onde começa o seu domínio

Vejo que não há limites
Pois teu domínio se estende
Sobre cada mínima parte do meu corpo
Medíocre e humano

Sei que dominas cada canto escuro,
Cada parte misteriosa
Todos os mínimos detalhes
Da minha mente vã

Está em ti o maior pedaço
Do meu coração despedaçado,
Obra da tua mão descuidada,
Que as lágrimas não colaram

Quando eu grito
Das formas mais desesperadas
Conhecidas pela humanidade

Nada se ouve
Pois minha voz está guardada
Numa caixa embaixo da tua cama

E eu a guardei aí
Para que em tuas noites solitárias
Quando nem te lembres da minha exitência

Eu possa de longe cantar
As humildes canções, nas quais tentei
Traduzir minha alma e meu amor

E eu espero que você,
Imprudente e gentil,
Ao ouvir minhas singelas notas
E minhas tortas palavras

Sinta bater em ti, novamente,
O pedaço que te dei
E que este pulsar te acalme
Para que possas dormir bem

Ícaro


Eu admito
Talvez eu tenha exagerado
Mas você sabe que isso não é
Drama, será
Tristeza, talvez
Alegria, seria?

Eu me cansei
De te falar que não queria
Mais saber de tudo aquilo
Que querias me dizer
Não me interessa
Essa peça
Eu não quero
Mais sofrer

Vejo seus pés
Deslizam sobre novas avenidas
Vão voar
Levar você pra longe da minha vida
Pra que
Ficar tão perto do Sol
Se ele queima nosso amor?

Olho pro céu
Não vejo nada que não seja dor
Procuro inventar a nova cor
Que vai cair no quadro sem querer
Que bonito vai ficar se for você

Abra a boca e grite
Deixe que sua alma escape, fuja
Não perca outro momento
Tu quem sabe
Cansei de te dizer
Como amo você

Fotos

Lembra...

Quando a gente se viu,
meu coração pulou
e você nem ligou?

Quando a gente se falou
Você se escondia
E eu dizia quem sou?

Quando nós viajamos,
E o Sol nos queimou
Sem nos esclarecer
O que era amor?

Das vezes que brigamos
Por motivos fúteis
Sem entender a dor?

Das vezes que não atendia
Não importa se fosse
Urgente ou a toa?

Das vezes que eu te disse
Com lágrimas nos olhos
As verdades mais puras:
"Te Amo"?

Me lembro de tudo
É difícil esquecer
Alguém assim

E te peço que lembres também
Não dos mínimos detalhes, como eu
Mas que nunca se esqueça
Que em algum lugar do mundo
Não importa o quanto seja distante
Há alguém pronto pra dizer
"A fila andou"

Cegueira Noturna

De todas as luzes
De todas as cores
O que vale a pena?

De todos os lugares
De todas as pessoas
Quais valem a pena?

De todos os sons
De todas as melodias
Quais serão as sinfonias?

Das lembranças
Das fotos
Quais deverão ser guardadas?

De todos os Sóis que você viu nascer
De todos as Luas que você viu se pôr
Quais foram os que fizeram alguma diferença,
Por menor que seja,
No curso da sua curta vida?

Tudo aquilo que me fez diferença
Partiu de mim
E a mim voltou

Só é cego aquele que tem medo de abrir os olhos.